No Princípio Deus, criou os Céus e a Terra

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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Dízimo é compromisso, Dízimo é graça, Dízimo é gratidão, Dízimo é investimento no próximo
Pr. Ronan Boechat de Amorim
Recebi uma mensagem pela internet de um novo convertido ao Senhor Jesus, onde ele pergunta sobre a questão do dízimo. Ele fala:
"Boa tarde! Me converti recentemente numa pequena igreja e já comecei sendo dizimista assim como era meu falecido pai. Entrego o dízimo e oferta com muito prazer, porém, por minha própria leitura bíblica não entendo por que o dízimo ainda existe mesmo depois da nova aliança, sendo ele uma exigência da lei.
Não pretendo criar polêmica, mesmo porque não tenho como polemizar, visto que não tenho conhecimento da bíblia, já que sou um iniciante (novo convertido). A minha intenção é apenas de aprender.
Tive oportunidade e alegria em lhe dar a seguinte resposta:
Parabéns, meu irmão, pela sua decisão por Jesus Cristo. Essa foi a decisão mais importante que eu tomei em toda a minha vida, e decisão geradora de outras importantes, maravilhosas e bem-sucedidas decisões.
Começo dizendo que há uma enorme diferença em querer saber e questionar de polemizar. Infelizmente alguns pastores de hoje em dia não gostam de crentes que pensam, que questionam, que desejam aprender. É como se crente bom fosse crente mudo, surdo e cego, que aceita as coisas passivamente, sem expressar desejo de entender, aprofundar... aceitando como verdade universal e absoluta o que pastor diz, o que diz a tradição, a pregação, os modismos maquiados de falsa espiritualidade, etc...
Gosto da orientação do Apóstolo Paulo acerca da questão das profecias (na realidade, da pregação, ou seja, entregar o recado/mensagem da parte do Senhor) quando ele diz que deve haver ordem no culto, e que é preciso que os mensageiros de Deus falem um de cada vez, enquanto isso os demais devem julgar (refletir, avaliar, comparar com o texto sagrado, com a mensagem de Jesus, com os ensinos dos apóstolos) toda profecia.
Reflexão, pesquisa, questionamento, portanto não tiram a ordem, mas estão perfeitamente em ordem. Certamente são parte do "culto racional" pretendido por Paulo.
Polemizar já é outra história...digamos, é a discussão não pela busca do conhecimento e do aprendizado, mas pelo prazer de discutir.
Sobre o Dízimo, era através dele que as tribos sustentavam o templo e aqueles que trabalhavam em prol do culto. E isso não muda da Antiga para a nova Aliança. Aliás, na nova Aliança temos muitas tradições da Antiga Aliança, inclusive os textos sagrados, os livros bíblicos do Antigo Testamento. O Dízimo nos tempos das primeiras comunidades cristãs era o modo mais justo possível da participação dos crentes no sustento da Obra de Deus, no sustento dos que viviam em missão, no sustento dos mais pobres.
10% do pobre equivalia em dignidade e compromisso o mesmo que os 10% do rico.
O Dízimo na nova aliança era um recurso socializado, que era investido na própria comunidade. Não em construção de templos, salários de pastores equivalentes aos de diretores de multinacionais, mas investimento nas pessoas, em pessoas... Veja At 10:42ss.
Não havia necessitados entre as primeiras pessoas cristãs. E se a gente lê o livro "História da Cidadania", da Editora Contexto, tem um capítulo que vai falar da contribuição dos primeiros cristãos, um texto maravilhoso, e lá diz que os primeiros cristãos contribuiram muito para a cidadania, pois até por volta do século III (antes do Imperador Constantino) as primeiras comunidades cristãs eram integradas basicamente por pessoas pobres, entre as quais, mulheres, crianças, doentes, gladiadores, escravos, ex-escravos... e ali todos eram alimentados, acolhidos, sustentados... tornavam-se irmãos e irmãs.
As comunidades cristãs eram chamadas de "paróquias", paravra de origem grega que quer dizer "casa do pobre", de acolhida e abrigo aos pobres e estrangeiros.
Há um livro do Caio Fábio chamado "A Graça de Contribuir", é o melhor livro sobre dízimo que eu conheço. E ele vai falar do dízimo como Graça, não com legalismo, não como instrumento de troca ou de compra de bênçãos divinas.
O Dízimo na vida da igreja nunca foi apenas dinheiro, mas investimento, um privilégio de se participar da Obra de Deus.
Hoje muitos deturpam isso, mas não é porque uns (ainda que sejam a grande maioria, o que eu particularmente não acredito) deturpam o sentido espiritual, bíblico e solidário do dízimo, que a gente vai deixar de falar e praticar do modo correto: dízimo é graça. Não dou o dízimo para comprar ou com interesses em bênçãos divinas; dou o dízimo como sinal de gratidão pelo que o Senhor faz por mim, pelo que o Senhor é para mim. Não é compra de bênçãos, não é pagamento pelos favores divinos, mas ato de gratidão. Só dá o dízimo quem antes deu-se a si mesmo integralmente ao Senhor.
Não damos o dízimo apenas quando temos sobra de recursos, mas regularmente, fielmente. Jesus elogia uma viúva pobre que dá como oferta as poucas moedas que tinha. "Deu mais do que todos, diz Jesus, porque deu tudo o que tinha".
Jesus não quer tudo que temos, quer tudo o que somos. Não quer nosso dinheiro, quer nossa vida. Mas quando a gente dá a vida ao Senhor, tudo o que temos passa a estar a serviço do Senhor.
Não quer dizer que a gente precise dar tudo lá no altar, como alguns pastores que só falam do poder do mal, dos descarrego, das correntes, da pedição de dinheiro, mas consagrar lá no altar tudo o que temos, e colocar tudo a serviço do Reino de Deus.
E ser fiel no pouco e no muito, mas questões éticas e morais, na prática dos mandamentos, do amor ao próximo, e também na entrega dos dízimos.
Mas a Bíblia, no entanto, nos diz que Deus abençoa quem dá/contribui/oferta/entrega o dízimo com alegria. A nossa fidelidade a Deus, à Igreja de Deus e à obra de Deus é certamente uma fidelidade que nos possibilita bênçãos. Por isso a prática do dízimo é graça.
Não veja o dízimo apenas como obrigação, um dever, uma lei... ele é compromisso sim, mas também é privilégio, é ato de gratidão, é confissão de dependência de Deus, é investimento missionário tanto no sustento da Igreja quanto no avanço missionário, é socialização de recursos em prol da manutenção e melhoria da comunidade da fé, e deveria ser também investimento em pessoas, alimento para os sem pão, bolsas de estudo para os mais pobres, cursos de aperfeiçoamento profissional e ministerial, investimento em cidadania, etc... não apenas para o pastor(a), mas para todo o povo de Deus.
Nós protestantes temos pastores(as) mas não temos pastores que são sacerdotes (uma espécie de mediadores entre Deus e o povo), pois somos um povo de sacerdotes... Lutero fez a Reforma Protestante do século XVI e esse foi um dos pilares: o sacerdócio universal de todos os crentes.
Desculpe-me a mensagem grande. Mas foi um momento de partilha.
Um grande abraço e votos das mais ricas bênçãos para você, sua família e sua igreja.

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